Condições Ortopédicas

Existem diferentes condições ortopédicas que aparecem na infância, que podem ou não estar associadas a quadros neurológicos ou genéticos. Podem ser congénitas ou adquiridas.

Pé plano ou pé pronado

Pode ser fisiológico ou patológico. O pé plano fisiológico é muito comum e é benigno e flexível, desaparecendo espontaneamente por volta da idade de 3-5 anos. Algumas crianças com Síndrome de Down ou Síndrome de Marfan podem precisar de suporte por órteses ou calçados de alta tecnologia para ajudá-las a alcançar estabilidade nas atividades, mas são situações muito particulares que devem ser avaliadas com cautela. Em geral, o pé plano fisiológico não precisa de qualquer intervenção. 

O pé plano patológico é aquele que mostra algum grau de rigidez, como perda do movimento subtalar ou tensão do tendão de Aquiles. Estes devem ser avaliados e a intervenção depende de cada caso. 

Torcicolo Muscular Congénito

Um bebé com TMC apresenta-se com um encurtamento unilateral do músculo esternocleidomastoideo, com subsequente limitação da amplitude de movimento cervical. A má posição intra-uterina e o trauma ao nascimento são hipóteses de fatores causais. 

O tratamento conservador é geralmente recomendado nos primeiros 12 meses, com exercícios de alongamento passivo, exercícios de fortalecimento e técnicas de manuseio e posicionamento para corrigir a cabeça do bebê. Alguns estudos têm demonstrado o sucesso deste tratamento, com resultados bons a excelentes em 84-99% das crianças.

Displasia de Desenvolvimento da Anca

É um termo usado para cobrir um amplo espectro de anormalidades da anca em bebês e crianças, que resultam do crescimento e desenvolvimento anormal da articulação. A causa é variável. A avaliação é fundamental. O mais importante nesta condição clínica é detectá-la, de modo a tomar as providências corretas o mais precocemente possível. Cada caso deve ser avaliado cuidadosamente, e as estratégias de intervenção variam com os resultados da avaliação.

Artrogripose Múltipla Congénita

Também chamada de contratura múltipla congénita, é uma condição não-progressiva caracterizada por múltiplas contraturas articulares e fraqueza ou desequilíbrio muscular, de etiologia desconhecida. É associada com doenças neurogénicas ou miopáticas múltipas que exibem um defeito na unidade motora, incluindo as celulas do corno anterior da medula, raizes, nervos periféricos, placas motoras finais ou músculos, resultando emm fraqueza e diminuição dos movimentos no início do desenvolvimento. Esta imobilidade fetal resulta em múltiplas contraturas articulares, e em fibrose dos músculos e estruturas periarticulares.

O principal objetivo da intervenção é alcançar o nível máximo de função para cada criança. As técnicas de tratamento incluem alongamento passivo por meio do posicionamento, gessos, órteses; liberação miofascial; atividades de fortalecimento; treino de tarefas do desenvolvimento; entre outros. O posicionamento adequado e os exercícios de alongamento passivo devem começar logo após o nascimento. Contudo, é importante ter cuidado pois o alongamento agressivo de uma articulação rígida pode resultar em dano à cápsula articular e aos tecidos moles periarticulares. Qualquer ganho na amplitude de movimento deve ser mantido com uma órtese ou dispositivo de posicionamento pois, caso contrário, a contratura irá ocorrer novamente. As atividades terapêuticas serão realizadas de acordo com a idade e interesses da criança. A Hidroterapia pode ser muito positiva para estas crianças.

Escoliose Idiopática

A escoliose é uma curvatura da coluna que inclui os três planos. É definida como estrutural (curvaturas fixas que não se corrigem com a flexão lateral do tronco ou tração) e não-estrutural (corrige-se na flexão lateral e frequentemente tem sua etiologia em função de uma obliquidade pélvica ou discrepância no tamanho dos membros, ou espasmo muscular). O rastreamento deve ser feito, de modo a identificá-la precocemente.

A intervenção está baseada no sexo, na idade e na maturidade esquelética, além da gravidade da curvatura. O objetivo da intervenção não-cirúrgica é não permitir que a curvatura progrida. 

 

 

Referências Bibliográficas:

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