Desenvolvimento Motor

Estuda as modificações e a evolução do comportamento motor ao longo da vida, integrando-as em um contexo biopsicossocial. Está diretamente ligado à variedade de padrões de movimento disponíveis, que a criança pode escolher e assim fazer frente a novos desafios e oportunidades que deparam.

Ao longo do tempo, surgiram vários modelos teóricos, que tentaram explicar o desenvolvimento e controle do movimento, baseados na evolução do conhecimento. A natureza funcional do Sistema Nervoso Central e a neuroplasticidade são estimulados pela atividade e pela experiência da criança.

O desenvolvimento é um processo complexo e dinâmico e envolve o aparecimento de novos comportamentos e habilidades que surgem da interação da criança, do seu SNC em maturação, do sistema músculo-esquelético e do ambiente.

A capacidade da criança se adaptar e antecipar num meio em constante mudança, evidenciando uma grande variabilidade na sua performance, tem que ser incluída no estudo do desenvolvimento normal. A habilidade da criança se ajustar à medida do que sente e se move é fundamental. Compreender esta capacidade é tão crucial na avaliação da criança como a aquisição das diferentes etapas do seu desenvolvimento.

O desenvolvimento simultâneo dos sistemas postural, locomotor e manipulativo é essencial no refinamento de aptidões em todas essas áreas.

Vale a pena referir que cada criança é única e se desenvolve em seu ritmo. Estas informações referem-se a generalidade usada como referência, pois algumas crianças demoram mais para fazer algumas coisas enquanto adquirem outras competências mais cedo.

Recém-nascido:

postura em flexão fisiológica, movimentos globais de torção. Deitado de barriga para cima (dorsal), o bebê geralmente apresenta a cabeça virada para um lado e movimentos de torção principalmente em flexão. De barriga para baixo (ventral), deposita o peso na face e tronco superior; e sentado não apresenta controle de cabeça e o tronco é arredondado.

1-2 meses:

 Bebê com maiores períodos de alerta, mais ativo, diminuição da flexão fisiológica, ganho em extensão, reações de retificação da cabeça quando suspenso. Em decúbito dorsal, movimentos dos membros superiores mais afastados do tronco, em ventral realiza extensão da cabeça 45º, extensão da coluna torácica. Sentado com apoio, segura a cabeça por alguns momentos.

3-4 meses:

 

Bebê comunicativo, realiza controle da cabeça. Em dec. dorsal, mantém a cabeça e mãos na linha média, movimentos antigravíticos dos membros, os pés se tocam. Em dec. ventral, realiza extensão da cabeça a 90º, extensão de toda a coluna, apoio nos antebraços, carga na anca. Sentado, necessita de suporte de tronco (superior ou inferior). Realiza o alcançar e a preensão voluntários e coloca objetos na boca.  

5-6 meses:

Em dorsal, faz ponte, leva os pés à boca, rola com controle do movimento. Em ventral, transfere o peso para trás, realiza rotação do tronco e pode deslocar-se para trás. Inicialmente senta-se com apoio dos membros superiores e vai gradativamente reduzindo esse apoio, mas ainda necessita dele para não cair. Em pé, o suporte necessário é cada vez menor. Utiliza o polegar, passa um objeto de uma mão para outra, bate, agita, come com a mão.

7-8 meses:

 

 

Apresenta maior variação de posturas, inicia a postura de gatas, apresenta reações protetivas para frente e para os lados, começa a fazer pivots na postura sentada e alcança todas as direções. Segura no copo e ajuda com a colher. Já tem noção de permanência do objeto.

9-10 meses:

Desenvolve curiosidade e comunicação, além do prazer pelo movimento. Rasteja, rola, anda de rabo, anda de gatas. Puxa-se de joelhos com apoio e em pé com apoio das mãos. Fica em pé utilizando a barriga como quinto ponto de apoio, desloca-se de lado com apoio e faz marcha com apoio de uma ou duas mãos do adulto. Esvazia e enche recipientes com brinquedos. 

12 meses:

Não apresenta noção de perigo, diz adeus, cumpre ordens simples. Apoia-se menos para vir à posição em pé, sobe escadas de gatas. Apresenta reação de extensão protetiva para trás, desce do sofá, fica sentado em cadeiras. Anda em bloco, membros superiores em W. Levanta-se primeiro agarrado em móveis e depois com as mãos no chão. Desenvolve destreza bimanual (empurra, puxa, aperta, roda), pinça com a ponta dos dedos, aponta, joga objetos no chão, imita o adulto, dá.

18-24 meses:

 

Conquista da identidade. Criança menos motora e mais cognitiva e perceptiva. Corre, dança, salta com os pés juntos. sobe e desce escadas com ajuda de uma mão. Põe-se de cócoras, baixa e levanta-se facilmente, desloca-se em carrinhos. Segura o lápis com preensão palmar, come sozinho, tira roupa e sapatos. 

2 anos:

Sobe e desce escadas sem alternância, atira e dá pontapés numa bola, trepa para cima de tudo, folheia um livro, calça sapatos e veste roupa simples, gosta de imitar e ajudar o adulto, aperfeiçoa o andar e o saltar. Tira a fralda!

3 anos:

Apogeu do equilíbrio. Põe-se em bicos dos pés, muda de velocidade e direção, salta em um pé só, sobe escadas com alternância e desce sem alternância. Atira e apanha bola com as mãos. Veste-se, ajuda nas atividades de casa, consegue desenhar círculos.

 

Depois desta idade, as aquisições são aperfeiçoadas e direcionadas de acordo com os interesses da criança.

 

 

Referências Bibliográficas:

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Shumway-Cook, A. & Woollacott, M. H. (2003). Controle Motor – teoria e aplicações práticas. São Paulo: Manole.

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