Paralisia Cerebral

 

Paralisia Cerebral, ou Encefalopatia Crônica Não Evolutiva da Infância, é um grupo de desordens do desenvolvimento do movimento e postura, causando limitação da atividade, que é atribuída a distúrbios não-progressivos que ocorreram durante o desenvolvimento do encéfalo fetal ou infantil. As desordens motoras da paralisia cerebral são frequentemente acompanhadas de distúrbios sensoriais, cognitivos, de comunicação, percepção e/ou comportamento, podendo ou não apresentar convulsões.

Diferentes padrões podem ser observados dependendo da etiologia, localização e extensão da lesão. Embora as lesões não sejam progressivas, a sequela pode variar com o crescimento, como resultado do desenvolvimento atípico de padrões motores utilizados por essas crianças para compensar o controle postural e motor insuficientes, bem como os défices de aprendizagem motora.

Pode ser classificada de acordo com a distribuição da incapacidade motora e de acordo com o tipo de tónus muscular (hipertonia - rigidez ou espasticidade; disquinésia, ataxia ou misto. 

Lesões neurológicas no encéfalo resultam em anormalidade do tónus muscular, reflexos e reações, bem como comprometimento no desenvolvimento e controle motor. Além disso, pode haver efeitos prejudiciais na visão, percepção, cognição e desenvolvimento social. O desequilíbrio muscular pode ocasionar crescimento assimétrico dos ossos, contraturas, deformidades, escolioses, desequilíbrio na carga, luxação da anca, dor crônica e aumento da dificuldade na realização de atividades motoras básicas, como sentar, manter-se em pé e andar. A fisioterapia auxilia a reduzir o impacto destes comprometimentos e simultaneamente melhora o alinhamento postural e habilidades motoras, fundamentais para o movimento e o brincar sem dor, com um gasto energético eficiente.

A classificação do nível da paralisia cerebral pode ser feita utilizando a GMFCS, que indica o impacto funcional das alterações do movimento provocadas em crianças com paralisia cerebral. Os níveis são distribuídos de I a V, que correspondem aos graus menos severo e mais severo respectivamente. A análise é feita de acordo com a idade da criança, considerando o movimento auto-iniciado.

A função motora pode ser avaliada de diversas maneiras, como por exemplo através dos testes GMFM-88 e GMFM-66, onde também é possível traçar o prognóstico e identificar as próximas habilidades a serem trabalhadas e adquiridas.

A avaliação da criança com paralisia cerebral é fundamental para identificar suas principais capacidades. É muito importante conhecer a criança para que o trabalho seja adequado às suas necessidades e nível de compreensão. 

A criança com paralisia cerebral muitas vezes apresenta um comprometimento motor muito maior do que seu comprometimento cognitivo, o que deve ser levado em conta para que seja criado um ambiente estimulante e interessante. O brincar é fundamental, pelo que devem ser adaptados jogos e atividades para que a criança, acima de tudo, aprenda e se divirta.

 

Referências Bibliográficas:

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